O debate centrado nos Processos de Modernização Administrativa Local e Regional, travado na Mesa Redonda organizada pelo Centro de Contacto, reuniu o consenso quanto a uma questão fundamental: o futuro depende duma mudança profunda de comportamentos, que finalmente acompanhe a evolução tecnológica ao nível do relacionamento da administração pública com o munícipe.
O ciclo de Mesas Redondas promovido pelo Centro de Contacto, com o objectivo de avaliar o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em algumas das mais importantes temáticas da actualidade, arrancou hoje com a discussão em torno das TIC na relação do Cidadão com a Administração Pública visões de E-government .
Seguiu-se a análise do Relacionamento da Administração Pública Local com o Munícipe , sob a perspectiva da modernização do actual sistema, em benefício do utente.
Simões Monteiro, director da Inter.face- Administração Pública, abriu a mesa na qualidade de moderador, a par de Manuel Posser de Andrade, do Expresso .
Aguardado com alguma expectativa, Luis Vidigal, consultor informático do Instituto de Informática , desde logo salientou que os problemas de fundo que fazem persistir a burocracia na administração pública portuguesa «residem ao nível humano, e não tecnológico».
Salientando a importância de integrar e cooperar, Luís Vidigal defendeu o cruzamento da informação, relacionando os processos administrativos. É necessário repensar a estratégia, afirma, no sentido de conjugar administração local e central, por forma a «derrubar os muros que as separam do cidadão».
João Pedroso, consultor de Marketing Intelligence da Neoris, centrou a sua intervenção no estudo realizado pela mesma empresa A Modernização da Administração segundo os Autarcas . A necessidade de adequar modelos de gestão, ajustando estratégias locais, foi a principal reflexão que deixou à plateia.
As conclusões da análise feita pela Neoris indicam que essa adequação deverá passar pela monitorização dos níveis de qualidade dos serviços; adequação de processos internos à Internet, de forma optimizada; adequação do modelo de relacionamento; acesso a serviços digitalizados e webizados ; promoção da interactividade com cidadãos e empresas; e interacção electrónica dos diferentes agentes sociais e económicos.
A visão de Pedro Fatal, director geral da Advantis, sobre o e-government incidiu no estabelecimento de um plano de transição, por parte das entidades públicas que pretendam adoptar um modelo estrutural centrado no cidadão. Esse plano deverá abranger um estágio de preparação que contemple uma mudança cultural e organizacional, a avaliação métrica de indicadores financeiros e de qualidade do serviço e uma componente de formação.
Numa abordagem polémica à modernização administrativa, João Paulo Carvalho, coordenador da área de Investigação e Desenvolvimento da Quidgest , levantou a problemática da rapidez e facilidade com que se produzem, actualmente, os sistemas de informação, sugerindo que há uma preferência generalizada de estruturas assentes em estratégias de marketing.
Na sua opinião, «por cada produtor de sistemas de informação existem cinco que preferem apresentar-se como representantes comerciais». Consequentemente, uma parte significativa do investimento nas Tecnologias de Informação dá-se por valores de «ostentação, imitação ou obrigação», sem que se proceda a uma «análise racional de custos/benefícios».
O modelo de exigência para uma administração pública moderna terá, pois, de passar por uma lógica de «Menos Estado, Melhor Estado», como de resto foi realçado ao longo do debate.
As intervenções dos oradores presentes neste encontro subordinado aos Processos de Modernização Administrativa Local e Regional estarão, em breve, disponíveis no portal.
Amanhã a reunião dos vários intervenientes no sector das TIC continua, com as Mesas Redondas dedicadas aos Recursos Humanos e Medicina e Saúde.
Por Gabriela Costa
gabriela.costa@centrodecontacto.com
2002-10-24
Dossiers-Eventos Especiais