É urgente implementar o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Segurança em Portugal) e projectar um sistema nacional integrado de segurança e emergência. Esta é a maior conclusão a retirar do debate em torno da aplicação das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) aos sistemas de emergência e segurança, que decorreu no dia 3 de Outubro, no Centro de Congressos do Estoril.
A aplicação das tecnologias de informação para implementar sistemas que se pretendem integrados, ao nível das Centrais de Emergência, foi o assunto dominante neste evento, que reuniu os mais diversos intervenientes nas áreas da segurança e defesa nacionais.
O 1.º painel, As telecomunicações de emergência no início do século XXI, foi iniciado por António Porfírio, da GNR, que defendeu a interoperabilidade e intercomunicabilidade do sistema de telecomunicações de emergência, nomeadamente entre redes e entidades. Também Bento Varela, chefe do departamento de comunicações da PSP, concluiu que o futuro das forças de segurança e de defesa passa, necessariamente, pela implementação de uma rede de rádio móvel única, a nível nacional, com recurso a tecnologia trunking.
O projecto SICOSEDMA (Sistema Integrado de Comunicações de Segurança, Emergência e Defesa da Madeira) foi apresentado como um exemplo de parceria entre a PSP Madeira, Estado-Maior General das Forças Armadas, Serviço Regional de Protecção Civil da Madeira e Portugal Telecom, por partilhar uma infra-estrutura comum entre as várias entidades.
Fazendo a cronologia dos sistemas celulares, Luís Correia, do Instituto Superior Técnico IT/DEEC, comparou os três sistemas europeus padronizados, GSM, TETRA e UMTS, para concluir que «a facilidade de utilização do terminal é fundamental, pelo que não se pode prever quando se irá utilizar o sistema UMTS nos serviços de emergência», apesar das inegáveis vantagens para a população. Um só exemplo ilustra bem, imagine-se uma radiografia a seguir, via rádio, de uma ambulância para o hospital que irá receber o doente…
Os Radioamadores em situações de emergência foi o último tema do 1.º painel. Com 5325 estações de rádio disponíveis um pouco por todo o país, os radioamadores prestam um serviço de derradeiro recurso, já que em caso de catástrofe e consequente falha dos vários sistemas comunicacionais, permite que a comunicação se mantenha, uma vez que a transmissão em ondas curtas não depende de qualquer sistema auxiliar de comunicação.
A abrir o 2.º painel, Centrais de Emergência Presente e Futuro, o subintendente da PSP, Trindade Santos, levantou a problemática das chamadas falsas no serviço de emergência 112 , uma questão que aqueceu o debate ao longo da tarde. Estima-se que cerca de 86% das chamadas telefónicas realizadas em Portugal para o 112 são falsas, uma realidade que terá de ser alterada através da criação de uma norma legal que permita a identificação dos números confidenciais e a visualização da identidade e morada do número chamador.
Explanando sobre o conceito europeu de Central de Emergência, Hélder Sousa e Silva, do SNPC/DTI salientou a importância de evoluir para um serviço de emergência integrado, o que deverá passar pela criação de infraestruturas que permitam uma aplicação informática única comum a todas as entidades e agentes de emergência e segurança. O futuro imediato depende do sucesso do grupo de trabalho que irá definir o novo conceito da Central 112.
Do 3.º painel, ‘Desafios para o Planeamento, Coordenação e Gestão de Emergência, Segurança e Defesa‘, fizeram parte as intervenções de Paulo Gomes (Gabinete Coordenador de Segurança/MAI), sobre as necessidades de segurança no EURO 2004; Trindade Santos, que enalteceu as vantagens de uma gestão colectiva no tratamento de incidentes, desde a chamada do cidadão até ao arquivo da ocorrência; e de Dário Carreira (EPT/MDN) que se dedicou aos sistemas de apoio à decisão para a segurança, emergência e defesa.
Por ocasião do seminário Tecnologias da Informação e Comunicações para a Emergência e Segurança, organizado pelo SNPC, várias empresas do sector das TI estiveram presentes com as suas novidades em produtos e serviços. Foi o caso da Alcatel, AddLog, Avaya, Edisoft, Motorola, Nokia, Philips, PT Prime, Siemens, TMN e Vodafone.
Por Gabriela Costa
(gabriela.costa@centrodecontacto.com)
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