O Plano Tecnológico do Governo «não é estratégico nem operacional», criticou ontem o presidente da APDSI, Dias Coelho. A Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação considera que o conjunto de alvos estratégicos definidos no projecto está «desenquadrado de uma visão estratégica que lhe dê coerência e dinâmica de mobilização e que o ligue a um projecto de desenvolvimento para Portugal».
A posição da APDSI sobre o Plano Tecnológico foi ontem apresentada publicamente, no âmbito do novo Grupo de Alto Nível (GAN), constituído por quinze personalidades do mundo empresarial, académico e do sector público, com vista à avaliação das acções do Governo para a Sociedade de Informação (SI).
Sem hesitações, Dias Coelho sublinhou que «apesar de intenções muito abrangentes e ambiciosas, a falta de coerência e harmonia de que padece [o plano] deixa a descoberto a ausência de articulações integradoras entre os programas de abordagem aos vários sectores».
O relatório do GAN aponta ainda ao projecto-bandeira do Governo a dificuldade de medição e auditoria das medidas a desenvolver, e inerente dificuldade na avaliação dos recursos necessários; a ausência de liderança e impacto na sociedade civil («não tendo tido uma liderança visível e reconhecida, o Plano Tecnológico tem sido, até ao momento, uma frustração nacional», lê-se no documento); o não reconhecimento da importância da SI , enquanto eixo de desenvolvimento; e a fraca articulação com a modernização do sector público.
Perante esta leitura pouco favorável dos alegados benefícios do Plano Tecnológico para o desenvolvimento do País, o GAN anunciou seis rcomendações, apelando à sua rápida implementação:
1. Conferir ao Plano uma liderança clara, uma visão inspiradora e uma forte capacidade de mobilização de todos os actores da sociedade civil.
2. Acrescentar um quarto Eixo de Acção, transversal, orientado para a Sociedade da Informação e destinado a reconhecer explicitamente a Sociedade da Informação como eixo de desenvolvimento.
3. Ajustar todo o plano, de modo a integrar os quatro eixos de acção de forma consistente e com elevados níveis de articulação.
4. Passar as componentes do Plano Tecnológico destinadas a ser operacionalizadas no seu primeiro ano de vigência para um nível mais detalhado, definindo-se projectos, com os respectivos objectivos, planos temporais e de meios.
5. Estabelecer prioridades relativas para todas as acções/projectos do Plano e determinar ao mesmo tempo as lideranças de todos os programas de acção e grandes projectos.
6. Divulgar a nova versão do Plano.
O GAN apresentará trimestralmente um relatório de posicionamento sobre um tema pertinente no âmbito da sociedade de informação.
2006-01-06
Em Foco – Projecto