3272 — Caminhos para a Convergência

Nov 29, 2004 | Conteúdos Em Português

VII Encontros Ericsson/Semanário Económico

A irreversível convergência das comunicações fixas-móveis, o papel da tecnologia IP e a reinvenção dos modelos de negócios foram os principais pontos analisados no VII Encontro Ericsson/Semanário Económico, que decorreu na passada sexta-feira em Lisboa com o tema: “Convergência – O Início de um Novo Ciclo”.


O mote do evento foram os conceitos de inovação, rentabilidade e simplicidade, considerados fundamentais para o sucesso da convergência.

Para Hans-Erhard Reiter, vice-presidente, marketing & business development da Ericsson “falamos de convergência quando através de um único equipamento podemos aceder a uma variedade de serviços sem termos de nos preocupar com o tipo de rede de acesso que estamos a utilizar. É a conveniência que interessa mais o utilizador final, tal como tem sido demonstrado em muitas análises de mercado. E esta migração já começou.”

Para Jamie Anderson, senior lecturer in strategy and innovation, European School of Management and Technology & Lecturer and program director, Center for Management Development, London Business School, a convergência fixo-móvel está a ser conduzida pela tecnologia mais do que as necessidades dos consumidores. Para comprovar, o orador partilhou os resultados de um estudo europeu feito a 1.200 utilizadores da rede móvel e a 27 operadores, onde se conclui que existe uma clara diferença entre o que os utilizadores e os operadores valorizam. Isto porque, apesar do preço ser muito importante para os dois, os operadores dão muita atenção à oferta de serviços avançados, enquanto que a simplicidade da oferta e de pagamento são os factores mais valorizados por todos os utilizadores.

Ainda para Jamie Anderson , «apesar do mercado de comunicações móveis na Europa Ocidental estar a atingir a maturidade, existem oportunidades para uma verdadeira inovação dos modelos de negócio, desde que o regulador o permita». Foram apresentados alguns exemplos que ilustram a forma como alguns operadores inovaram os seus negócios tendo conseguido ganhar mercado a operadores históricos.

Aliado ao desafio da convergência está o desafio da rentabilidade. A indústria das telecomunicações representa uma fatia considerável na Economia mundial (cerca de 3%) e no caso dos operadores de rede a fórmula da rentabilidade tem vindo a sofrer alterações devido à redução das margens nas ofertas existentes, cujo ritmo não tem sido acompanhado na redução de custos, e as margens de novos serviços lançados serem também mais reduzidas.

Para Keith Willets, chairman telemanagement forum & managing partner Madarim Associates, “à medida que entramos na fase seguinte da revolução nas telecomunicações, os operadores irão necessitar de alterar radicalmente os seus métodos de operação de forma a alcançar o nível de custos de operação, a flexibilidade no negócio e os níveis de inovação necessários para competir numa economia aberta e rica em termos de conteúdos e serviços onde os concorrentes podem ser grandes retalhistas ou empresas de media.” Keith Willetts partilhou ainda aqueles que considera serem os passos essenciais que os operadores devem tomar para garantirem a prosperidade.

Para Luís Nazaré, professor no ISEG, a tendência tecnológica para convergência parece certa: a tecnologia IP vai predominar no mercado empresarial, e a devido tempo também no mercado residencial, e este desenvolvimento vai ser bem mais rápido do que se supõe. No entanto, a convergência deve ser analisada em três frentes: para quantos e a que ritmo vai acontecer a oferta de serviços baseados em tecnologia IP, será que teremos uma única plataforma vencedora ou várias a coexistirem pacificamente e, por fim, quem vão ser os principais actores na convergência fixo/móvel.

Apesar de ter uma visão positiva da convergência para o mercado e para o utilizador final, Luís Nazaré deixou no ar três incertezas: quem será o catalizador principal? Quanto tempo vai demorar? Como vai reagir o consumidor?

Fonte: Ericsson/Semanário Económico

2004-11-29

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