2427 — “Business Activity Monitoring e Business intelligence”. Por Colin White, presidente da Intelligent Business Solutions

Sep 5, 2003 | Conteúdos Em Português

Na actual conjuntura económica, as empresas recorrem cada vez mais ao Business Intelligence (BI) para reduzir custos e aumentar a eficiência do negócio. Uma nova e promissora tecnologia de BI é o Business Activity Monitoring (BAM), um termo utilizado para descrever a abordagem de BI que possibilite o acesso em tempo real a indicadores de performance a fim de melhorar a rapidez e a eficácia das operações de negócio. Existe, contudo, muita confusão sobre o que é exactamente o BAM e a forma como se relaciona com as actuais abordagens e metodologias de BI.

O percurso do BI até agora

Inicialmente, os sistemas de BI consistiam num servidor de ETL (Extract, Transform, Load) ao qual se adicionavam ferramentas de reporting (ver Fig.1). O servidor ETL era utilizado para extrair dados dos sistemas operacionais, carregando-os para uma datawarehouse, e as ferramentas de reporting possibilitavam ao utilizador produzir relatórios pré-formatados, parametrizados ou ad-hoc.

No entanto os fabricantes de datawarehousing bem como os próprios utilizadores perceberem rapidamente que necessitariam de algo mais do que simples ferramentas de reporting se quisessem obter ROI. Esta pretensão conduziu imediatamente ao desenvolvimento de soluções analíticas, tais como ferramentas OLAP e bases de dados multidimensionais.

Mais recentemente, estas ferramentas de análise começaram a ser capazes de distribuir informação através da web, usando os portais de BI e os painéis executivos para disponibilizar um acesso fácil e personalizado a relatórios e inteligência.

Uma outra tendência recente no BI foi a criação de ferramentas com capacidade de monitorização da performance de negócio, que possibilitam ao utilizador comparar o resultado da análise realizada pelo BI com as metas inicialmente estipuladas, bem como obter previsões de tendências futuras. As ferramentas de gestão de performance de negócio vieram assim alargar o âmbito do BI: permitir não só medir os indicadores de negócio mas também geri-los.

A inteligência produzida por estas ferramentas é apresentada sob a forma de scorecards exploráveis que empregam metodologias formais ou informais para monitorizar os objectivos de negócio. Alguns produtos possibilitam também o envio de alertas quanto os indicadores de negócio atingiam determinado patamar. Os alertas reduzem o tempo gasto pelos utilizadores no acesso e análise dos dados e o tempo de reacção necessário para identificar e resolver os problemas.

Todas estas ferramentas possibilitam ao utilizador reagir às situações após estas terem acontecido. As ferramentas preditivas ilustradas na Fig.1 incorporam técnicas como o data mining e o forecasting na infra-estrutura de BI. Estas possibilitam que o utilizador seja mais proactivo na gestão do negócio. Em alguns casos, as ferramentas preditivas são usadas para introduzir contexto de negócio nos scorecards e alertas utilizados pelas ferramentas de monitorização da performance.

O Business Intelligence operacional

A arquitectura de BI ilustrada na Figura 1 é utilizada principalmente para gerir as componentes estratégicas e tácticas do negócio. No entanto, muitas organizações gostariam de utilizar os seus sistemas de BI para monitorizar e gerir a performance de uma forma diária, de molde a poder responder mais atempadamente às vicissitudes do negócio.

Esta variante de BI requer capacidades adicionais àquelas anteriormente descritas para a gestão estratégica e táctica do negócio. Numa primeira tentativa para endereçar este BI operacional, os fabricantes estão a começar a disponibilizar ferramentas que possibilitam um armazenamento, com baixa latência, de dados operacionais integrados. Este data store operacional (ODS) tem uma latência (por contraposição aos dados nos sistemas operacionais) que normalmente é menor do que um dia, podendo mesmo ser de poucos minutos ou segundos.

Um ODS pode assim funcionar como fonte de dados para as ferramentas preditivas e, em alguns casos, para a própria datawarehouse. A necessidade crescente de integrar dados operacionais num ODS fez com que os fabricantes de ETL alargassem o âmbito dos seus produtos para uma plataforma de integração de dados que substitui o actual processo de carregamento para a datawarehouse por um servidor que transporta dados dos sistemas operacionais para um ODS.

Estas plataformas suportam ainda fontes de dados adicionais como clicstreams e logs oriundos da web, bem como software de integração de aplicações, que está especialmente concebido para monitorizar e rotear dados baseados em eventos.

Business Activity Monitoring (BAM)

A ferramenta que ainda falta às soluções de business intelligence operacional é a gestão da performance. As tecnologias existentes para análise de dados e gestão da performance não são idealmente as melhores para gerir as operações de negócio a um nível operacional, especialmente quando a gestão da performance necessita de ser efectuada em (quase) tempo real. O BAM foi desenhado para preencher este vazio.

A Figura 2 ilustra uma arquitectura possível para o BAM. À primeira vista, esta arquitectura parece ser semelhante à da Figura 1. No entanto, existem diferenças importantes. A primeira diferença é a de que o servidor ETL é substituído por um servidor BAM que monitoriza e regula os eventos que modificam o estado dos processos operacionais. Estes eventos podem ser armazenados num RTS (real-time store), o qual pode ser usado como fonte de dados para a datawarehouse.

Implementar o BAM

Primeiro, é importante ter um bom conhecimento da tecnologia BAM bem como dos seus potenciais benefícios para o negócio. Apesar de o BAM poder proporcionar um ROI significativo, é importante perceber que a sua implementação pode ser dispendiosa, em particular num ambiente de grande quantidade de informação e de baixa latência.

É óbvio que nem todas as aplicações BAM requerem um processamento de (quase) tempo real. Uma latência de alguns minutos ou horas é adequado para a maior parte das empresas. Apesar disto, deve ser estabelecido primeiro um modelo de negócio onde se estipule claramente o ROI para uma solução BAM.

Será, pois, importante que os responsáveis pelo departamento de TI discutam com gestores de negócio acerca das áreas da empresa em que será mais rentável a implementação de uma solução BAM (por exemplo, CRM, procurement, distribuição, etc.).

Em segundo lugar, o BAM deve ser integrado com as soluções de integração e de BI existentes na empresa. A Gartner descreve o BAM como a convergência do BI operacional com a integração em tempo real das aplicações. Sem esta integração, ir-se-á criar um novo silo de informação.

Será essencial perceber quais são as funcionalidades oferecidas pelo fabricante e quais os interfaces disponibilizados para a integração com outras aplicações da empresa e com a plataforma de BI.

Terceiro, é importante perceber que embora exista um número considerável de implementações BAM bem sucedidas, esta é ainda uma tecnologia imatura que irá sofrer rápidas mutações nos próximos anos. É importante acompanhar esta revolução e actualizar em conformidade a estratégia para o BAM e para o BI.

Por último, é fundamental perceber que o BAM não se prende apenas com tecnologia. Para uma implementação BAM bem sucedida, as empresas devem modificar as suas práticas de negócio e educar os utilizadores a fim de explorar e obter o máximo benefício desta iniciativa.

Colin White
2003-09-05

Traduzido e adaptado de DM Review

Centro de Informação-DATABASE & BUSINESS INTELLIGE