Apesar da implementação crescente de plataformas de Business Intelligence (BI) baseadas em web-services, os EAI (Enterprise Application Integration) manterão, contudo, o seu espaço próprio. É esta a convicção de alguns profissionais do sector que estiveram reunidos esta semana em Lisboa no IDC Fórum 2003 subordinado ao tema ROI O retorno do investimento nos projectos suportados pelas TIC. A adopção do Balance Scorecard e da gestão por objectivos foram as principais soluções apresentadas para maximizar o investimento em soluções BI.
Em termos de ferramentas EAI, Luís Nobre, administrador da Sinfic, destacou as soluções de conectividade A2A e de middleware (application server e corporate portal), referindo que todas elas perseguem o sonho antigo de uma arquitectura orientada a serviços (SOA). A este nível, salientou a luta entre as normas J2EE e . NET.
Ao nível dos web-services, a grande vantagem é a de se poder publicar num DDI (registo aberto) um conjunto de serviços / funções de negócio, permitindo aos clientes, em qualquer altura, a invocação desses serviços e realizar transacções tendo a internet como standard, referiu.
Por exemplo, um cliente que disponha de uma plataforma baseada em web-services pode actualizar automaticamente os preços dos seus produtos com base no Índice de Preços no Consumidor disponibilizado pelo INE.
Luís Nobre espera mesmo que grande parte das futuras transacções B2B passe a ser realizada através deste meio. No entanto, Nobre não profetiza o fim dos EAI: Os frameworks EAI continuarão a ser indispensáveis quando falamos em arquitecturas de elevada complexidade e escalabilidade. Os web-services vão permitir sobretudo democratizar os esforços de integração em especial nas PME s.
No entanto, Rukhshaan Omar, directora de marketing da Software AG, acredita mesmo que os web-services irão substituir os sistemas de middleware (CORBA, EDI):
Os web-services irão tornar-se a arquitectura de computação distribuída dominante nos próximos dez anos e irão eventualmente definir a própria estrutura da computação futura. Para Rukhshaan Omar, a grande vantagem de arquitecturas abertas como o XML é a possibilidade de uma integração orientada por serviços.
A mudança para standards abertos (XML, web-services ou JCA ) reduz a complexidade, o custo de integração e evita a dependência de sistemas proprietários, acrescenta.
Rui Gaspar, business operations manager da Information Builders, para quem o ROI é sobretudo Return On Information, defende que a informação é um activo nas organizações permitindo-lhes tirar partido de vantagens competitivas (derivar conhecimento para posicionamento estratégico no mercado), da optimização de recursos e da utilização da gestão do conhecimento dentro da organização.
Aceder à informação e utilizá-la de forma eficiente não é uma opção. A implementação de soluções de BI é paga por si só, isto é, pelos ganhos que advêm do facto de se poder utilizar essa informação.
Para Rui Gaspar, o conceito de Enterprise Performance Management (EPM) é abordado a três níveis. 1) Fundações: conseguir chegar a todas as fontes de informação e a todos os dados; 2) processos: desenvolvimento de aplicações para a inovação dos mecanismos de suporte à decisão no campo administrativo e de gestão e 3) estratégia: tradução da decisão ao nível dos objectivos operacionais.
De acordo com o business operations manager da Information Builders, os EAI encontram-se ao nível das fundações, harmonizando os diferentes sistemas corporativos, enquanto que os web-services, integrados com os EAI no nível-base, estão vocacionados para o nível de análise e estratégia (Balance Scorecard ).
Gaspar acrescenta ainda que a grande tendência é a consolidação de todos os processos numa plataforma informacional, o que acarreta a redução dos custos de manutenção, a melhoria do fluxo de informação entre os diferentes departamentos e aplicações independentemente das normas corporativas.
O ROI no Business Intelligence
Na opinião de António Sousa Mendes, senior consultant da Information Builders, existem duas ferramentas para apurar o retorno do investimento em implementações de BI: a gestão por objectivos (GPO) para o nível operacional e o Balance Scorecard (BSC) para o nível estratégico e táctico.
O ROI supõe que para cada benefício identificado existem indicadores métricos que temos de quantificar a partir do investimento feito, refere. O BSC é uma metodologia que ajuda as organizações a traduzir a estratégia em objectivos operacionais que determinam as actividades e as iniciativas a desenvolver.
O BSC pressupõe quatro vectores de acção: 1) objectivos (enunciado do que a estratégia visa atingir); 2) indicadores (a forma como será medida e seguida a implementação da estratégia); 3) targets (nível / rácio de execução) e 4) iniciativas (planos de acção requeridos para alcançar os objectivos).
Para Sousa Mendes são essencialmente também quatro os passos a seguir pelas empresas: 1) definir as perspectivas (por exemplo, financeira, cliente, processos e iniciativas); 2) definir os objectivos; 3) estabelecer objectivos e 4) definir os indicadores.
A GPO (integrada nos EAI), por seu lado, visa motivar os colaboradores da organização através do estabelecimento de objectivos. De acordo com Sousa Mendes, através da GPO , as empresas podem suportar informaticamente o processo de distribuição de objectivos comerciais, seguir os objectivos fixados, criar workflows flexíveis e adaptados ao negócio e a avaliação de resultados por unidade de negócio.
Filipe Samora
2003-03-27
Centro de Informação-DATABASE & BUSINESS INTELLIGE