O painel Comunicações móveis: que desafios?, preencheu a segunda sessão desta manhã do 12º. Congresso das Comunicações que decorre desde dia 26 de Novembro na FIL. Na sessão participaram Carlos Casqueiro do BPI, como Key-note Speaker, António Casanova, da Optimus, António Coimbra, da Vodafone, António Soares, da TMN e Jorge Pereira da Costa, da APDC a quem coube a moderação do debate.
Um estudo sobre O mercado celular português, apresentado por Carlos Casqueiro, com a análise da eventual necessidade do mesmo mercado ser alvo de um processo de consolidação, serviu de mote ao debate que se prolongou por cerca de uma hora. Na opinião deste responsável do BPI, o cenário actual caracteriza-se pela deterioração das iniciais expectativas positivas, que acabaram por se degradar fortemente, o que se traduz, para a generalidade dos mercados na redução do número de operadores e no adiamento do investimento.
A nível nacional, Carlos Casqueiro foi peremptório ao afirmar que Portugal não tem capacidade para mais do que dois operadores: o nosso mercado não tem capacidade para rentabilizar quatro operadores e duvido que tenha capacidade para três. Além disso, é cada vez mais claro que a consolidação do mercado irá beneficiar todos os intervenientes neste sector.
António Casanova, da Optimus, afirmou que o mercado com maiores margens é um monopólio e de preferência um monopólio não regulado. Num tom mais sério, acrescentaria que na opinião da Optimus, «três operadores é a lógica da sustentabilidade» do mercado.
Ainda que tenha começado por dizer que para a Vodafone Telecel não é uma grande preocupação se vai haver dois ou três operadores, António Coimbra acabou por defender a existência de apenas dois operadores, o que na sua opinião permitiria ao mercado funcionar bastante bem.
António Soares, da TMN, acabou por se mostrar o mais optimista de todos os operadores. Na sua opinião o UMTS, ou a terceira geração de telemóveis já chegou, pelo menos acreditando que os serviços são a parte mais visível desta tecnologia.
Considerando que no aparecimento do UMTS se falava tanto em killer applications, o responsável afirmou que essas já existem e são por exemplo as MMS e todos os serviços que lhe estão associados.
Relativamente ao número de operadores que o mercado conseguirá suportar, o responsável da TMN fez questão de frisar que ninguém consegue sobreviver com menos de 25% de quota de mercado. Em última análise isto significa que pode haver até quatro operadores, desde que cada um tenha apenas os tais 25%. Resta saber se a TMN ou a Vodafone estarão dispostas a ceder quota.
Jogos podem marcar a próxima Era das comunicações móveis
Por outro lado, a consolidação depende de alguém estar disposto a vender e alguém estar interessado em comprar. Voltando a abordar a questão do factor humano na análise do mercado, que na sua opinião esteve ausente no estudo apresentado por Carlos Casqueiro, António Soares conclui: Os números dizem que sim, as pessoas provavelmente dirão que não. Uma coisa é certa, os responsáveis da TMN não estarão distraídos em relação a outras oportunidades de crescer no mercado, e segundo o mesmo responsável a operadora da PT está no mercado para conquistar mais quota.
Em resposta, Carlos Casqueiro voltaria a intervir para acrescentar que o terceiro operador poderá ser rentável, a vida é que pode não ser tão fácil como a dos outros, e sublinha que num mercado saturado é mais difícil angariar clientes e que dificilmente alguém subsidiará esta actividade como em 1998.
Outro dos temas que dominou o debate foi o aumento do ARPU, ou a receita média por cliente. Para os responsáveis dos diferentes operadores esta surge como a única forma de trazer novas receitas para o sector. De acordo com António Soares, os operadores nacionais já mostraram que sabem responder a desafios, e tem agora um novo desafio não deixar cair o ARPU.
António Casanova não se mostra tão optimista: não acredito que o ARPU tenha um crescimento dramático no curto prazo. Uma opinião partilhada pelo responsável da Vodafone, que acredita que os consumidores portugueses estão muito orientados para o orçamento, ou seja, com ou sem aumento de preços, os consumidores continuaram a gastar exactamente o mesmo. Assim, a única solução é a deslocação das despesas, desviar a receita gasta pelos clientes noutra indústria que não a nossa. Exemplificando, António Coimbra, referiu a indústria dos jogos, acreditando que os novos aparelhos móveis poderão facilmente vir a substituir as consolas de jogos.
Neste campo, afirmou António Soares, é preciso alterar o modelo de negócio, e incluir outros intervenientes que são os fornecedores de conteúdos.
Para finalizar, debateu-se a necessidade de adiar novamente o lançamento da telefonia móvel de terceira geração. Efectivamente, António Casanova considera que este é um facto completamente incontornável, não apenas em Portugal, mas em toda a Europa.
Para António Coimbra, o importante é a tecnologia e esta deve ser totalmente transparente, pelo que é indiferente para o consumidor que os serviços lhe cheguem via UMTS ou GPRS, como acontece actualmente.
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