«Embora venhamos a observar um sem número de grandes empresas a apresentarem lucros expressivos, estes foram e serão conseguidos pelo radical corte de custos, o que certamente não poderá ser utilizado indefinidamente». Esta é uma das principais conclusões do IDC Fórum 2003, realizado no final do mês passado em Lisboa, cujo tema central foi o ROI (Retorno do Investimento).
O início da conferência teve o professor Augusto Mateus como protagonista, que, na primeira parte da sua dissertação apresentou diversas tabelas e gráficos onde evidenciou a degradação ocorrida nos últimos anos na quase totalidade dos índices de análise do desempenho de Portugal, para concluir com os dados que traduzem a situação actual.
A segunda parte foi dedicada às possíveis alternativas que conduzam Portugal a uma situação mais ‘tranquila’, onde foi defendida a premência de um ‘choque fiscal’, e a necessidade de ser gerado o equivalente em investimentos apropriados, a 6 ‘Euros 2004’ até 2013.
Para as empresas a mensagem parece ser única: passar de espectador passivo para sujeito activo, já que o simples corte de custos não poderá ter continuidade infinita, e procurar na produtividade, a capacidade de gerar riqueza .
As palestras seguintes comentaram diversos aspectos do ROI (estudos de caso, modelos, intangibilidade, consolidação, ferramentas…), sendo que uma das principais conclusões foi a visão a montante, onde os departamentos de tecnologia começam por entender o compromisso com os objectivos das suas organizações, e daí a procura por métricas que traduzam estes resultados.
Duas apresentações voltaram-se para a mobilidade, aportando exemplos onde, hoje, os serviços móveis apresentam um forte contributo para as empresas: foram citados o SFA-Sales Force Automation e as actividades de Suporte Técnico.
Eduardo Branco, CEO da PT SI, abordou uma métrica interna que denomina TVO-Total Value of Ownership, tendo lembrado aos presentes que os departamentos de TI podem sem dúvida trazer grandes benefícios, mas podem, como já ocorreu, gerar altíssimos prejuízos às suas organizações.
A apresentação de Jorge Jordão, administrador da SLN, pautou-se por uma ‘disciplina didáctica’ onde após um breve enquadramento de onde estamos, voltou a exortar aos congressistas a necessidade de garantir o alinhamento estratégico e sintonia das TIC com a organização, ressaltando a procura da produtividade como o mais rápido caminho para a obtenção de bons resultados.
João Rendeiro optou por traçar inicialmente um quadro da situação financeira internacional, evoluindo para identificar os sinais que diferenciam esta crise como não cíclica, mas estrutural e de confiança, alertando para o perigo do ‘vírus financeiro japonês’ poder chegar à Europa.
Uma nota em comum, mas dentro de um enquadramento diferente, foi a de alertar que, embora venhamos a observar um sem número de grandes empresas a apresentarem lucros expressivos, estes foram e serão conseguidos pelo radical corte de custos, o que certamente não poderá ser utilizado indefinidamente .
Jorge Coimbra
Administrador da IDC Portugal
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